Posfácio II de Ruth Collaço ao livro «DO PRINCÍPIO E DO FIM» de Ângelo Rodrigues, Edições Colibri, 2022

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Uma publicação das Edições Colibri
«A verdadeira constituição das
coisas (Physis) gosta de se ocultar.»
Heraclito
Não se confunda o leitor, Ângelo Rodrigues diz o que poucos dizem.
O melhor de tudo está sempre no futuro. Este, não estando ainda criado pode ser idealizado, sonhado.
Ângelo Rodrigues projeta-nos para um futuro sem nunca renegar sabedorias e filosofias ancestrais. Dos grandes mestres, torna-se ele mesmo um mestre, visionário místico, espiritualista, filósofo e poeta. Epicurista, eclético, académico rEbelde e audaz porta voz dos deuses, sejam eles menores ou maiores, Ângelo Rodrigues questiona-os na sua constante busca do Sagrado Graal. Com insAciável sede, bebe do cálice dos deuses e para os leitores prepara um manjar numa mesa de banquetes de introspeção, numa tentativa de anestesiar a insatisfação inquieta que o/nos move.
Seu é o repto e o caminho de fazer o poema até ao fim. Conhecendo o que está na "caverna" e com o entendimento de que a "fogueira" já pouco ilumina, leva-nos a novas cavernas, iluminadas por outras fogueiras, mas sempre ligado ao fogo da vida, do espírito e da sua mais oculta essência.
Enigmático, e por vezes polémico, escrutina verdades, utopias e palavras com a linguagem da poesia. Da aRte de pensar fez desenvolver a arte de fazer pensar.
Sabendo que pensar em si, já grita uma liberdade e risco, Ângel(ic)o, não se coíbe de iniciar a urgente purga, limpeza e catarse da alma.
Eis então, que "Do Princípio e do Fim" brinca, atiça, prevarica, emociona, ironiza, oculta e descobre tudo o que o pEnsador insiste em crer e querer sEr.
"As estrelas esperam a nossa visita" (Ângelo Rodrigues), "Esquece o que tu deves e abraça o eu quero"!
Desafia crenças, verdades (quantas inúteis), heresias e dimensões levando o leitor a almejar a transcendência. Logo, o "caminho do poema até ao fim" fica(-nos) por descobrir num frenético e alado filosofar. E é precisamente por este facto que nos permitimos nÃo esquecer que há outros caminhos, outras paragens, outros dEstinos.
Realço o poema "Oxitocina" (veja-se a referência à Wikipédia).
Ângelo "oXitocina-nos" a mente do princípio ao fim desta obra. Tal é a fOrça do estímulo das suas palavras e a libertação do pensamento, que esta obra consegue modular a sensibilidade e estruturar intelectualmente as contrações "nirVânicas" do espírito.
Do misticismo à clareza, o filósofo empodera o leitor e este vislumbra "as deusas e os deuses em triângulos", perpetuando a incessante demanda de mestres como Nietzsche, Diógenes, Heraclito, Platão, na travessia da ponte entre "margens" e afirma "A Morte não é o fim". Acrescento eu nesta nota de posfácio: o princípio é aqui (Do Princípio e do Fim).
Saibamos alinhar com o pensador neste delírio místico-poético. Ângelo oXitocina-nos e com isto nos "alMifica".
O resto do sagrado ou do místico, fica por descobrir nas páginas desta obra, onde a heresia se casa com fé.
Ainda, e à semelhança de outros escritos de Ângelo Rodrigues, este será mais um mergulho quântico que irei indubitavelmente repetir.
Afundar(-me) para submergir… quem sabe emergir.
Ruth Collaço
Poetisa, ativista
cultural e fundadora do Grupo Literário Ventos Sábios