Posfácio I de Álvaro Maio ao livro «DO PRINCÍPIO E DO FIM» de Ângelo Rodrigues, Edições Colibri, 2022

13-08-2023

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Uma publicação das Edições Colibri


Quando decidi aceitar escrever uma nota sobre DO PRINCÍPIO E DO FIM - poesia e aforismos do Ângelo Rodrigues percebi logo que este seria um desafio complicado para alguém que normalmente escreve porque lhe apetece e não porque precisa ou sente necessidade de se exorcizar pela escrita ou até para responder aos anseios de conquista no espaço literário.

Apetece-me e pronto!

Do PRÍNCIPIO E DO FIM é em si próprio o desafio que satisfaz todas as incógnitas que me sugere a poesia. A vida é sempre a cada momento um espaço de chegada e partida, uma porta que serve para entrar ou sair.

Quando o autor nos convoca «Para viajar no Infinito, onde estamos, não é preciso levar nada.». Sabemos que embarcamos numa viagem pelas palavras, mas muito mais pelo pensamento existencial que o move. Este caminho que nos é proposto promove em nós uma forma de ler a nossa vida para além das palavras, versos, poemas que esta obra contem. No entanto há «que esgotar nesta vida, o Amor, a Poesia e a Música. Vamos descobrir outros Mundo(s).».

A dicotomia da condição humana numa espécie de sinopse de vida ou da vida leva-nos a questionar se o Homem é um ser espiritual ou religioso. Se é verdade que a história das religiões acompanha a história dos homens, não é menos crível que é na espiritualidade que a consciência humana se desenvolve engajando-nos numa missão pessoal e social onde nos enquadramos combinando clãs com destinos.

«A ciência sem a religião é coxa, a religião sem a ciência é cega.» citando Albert Einstein como faz Ângelo Rodrigues e eu diria que é na espiritualidade e não na religião que os seres humanos encontram um caminho de desenvolvimento que primeiro alimenta a alma e depois o físico. A poesia surge como catalisador de um conjunto de quimeras capazes de semear ideais de vida ou mesmo despoletar verdadeiras revoluções.

Encontramos passo a passo nesta obra um construir de identidade alicerçada em palavras alinhadas que se leem muito mais nos espaços ou nas entrelinhas do que nas metáforas que sugerem.

Os tais "aforismos" são propostos de uma forma quase caótica de tão organizados que se apresentam. Talvez dessa forma nos obriguem a procurar os verdadeiros significados do que o autor pretende nesse desafio à nossa capacidade de análise ou da nossa simples leitura.

Desta forma percebemos a afirmação do autor «Poesia é o "género" maior que "compreende pelo mistério" os sentidos sublimes bem como consegue significar o mundo da eternidade prometida, o mundo da transcendência.». E quase encaixamos esse sentir pela poesia não numa transcendência, mas numa quase transumância entre o viver e o sobreviver ou entre estar vivo ou ficar para além da vida.

Entendemos que desta forma o autor nos desafia para uma viagem por palavras e versos como se de um trajeto ferroviário se tratasse, onde embora a escolha da entrada e saída seja dos leitores, a verdade é que a viagem será guiada e controlada pelas portas que no caminho nos convidam a apear ou não.

Como ressalta do meu encontro com a sugestão originária da inspiração do autor, muito mais do que os poemas são as palavras por nós digeridas, que nos levarão a recriar em nós leitores, um novo desafio a cada página onde tropeçar em palavras pode ser inverter o sentido das mesmas.

Quando o autor afirma «…escreve-se porque temos algo para dizer», eu terminaria completando… e também por dizer!


Álvaro Maio
Jornalista, animador de rádio, poeta, trovador, compositor e músico

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